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quinta-feira, 16 de maio de 2013

MONOGRAFIA APRESENTADA POR OCASIÃO DA CONCLUSA DO CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO LATU SENSU EM LÍNGUA PORTUGUESA À UFPI- AUTORA : MARIA DALVA GONÇALVES DE CARVALHO IZIDÓRIO- AROAZES PI, DEZ/2012

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO

CURSO DE ESPECIALIZAÇÃO EM COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA

POLO DE VALENÇA-DO-PIAUÍ











MARIA DALVA GONÇALVES DE CARVALHO IZIDÓRIO















A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL





























AROAZES – PIAUÍ

2012



MARIA DALVA GONÇALVES DE CARVALHO IZIDÓRIO



















A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL













Trabalho de conclusão de curso, apresentado à Coordenação do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica, da Universidade Federal do Piauí como exigência parcial para obtenção do título de Especialista em Coordenação Pedagógica, sob a orientação da Profa. Ms. Claudia Maria Lima da Costa.



















AROAZES - PIAUÍ

2012



MARIA DALVA GONÇALVES DE CARVALHO IZIDÓRIO





A IMPORTÂNCIA DO PROCESSO DE LEITURA E ESCRITA NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL









Aprovada pela Comissão Examinadora, em Valença do Piauí







COMISSÃO EXAMINADORA





Profa. Ms. Claudia Maria Lima da Costa

Orientadora





Profa.Dra. Antonia Edna Brito

Examinadora



Profa. Esp. Lúcia e Fátima Coutinho Melo Evangelista

Examinadora











Valença-do-Piauí

2012























































Eu sou feliz, graças a Deus... criei minhas filhas , com três coisas importantes: paz, saúde e dignidade. Minhas filhas: Mara Dayse e Dalívia Daiane. Razão da minha vida. Vivo por elas.



AGRADECIMENTOS





A DEUS

Luz do meu caminho... terreno do meu coração...



AOS PROFESSORES ORIENTADORES

Pelas sugestões, paciência e incentivo...



AOS COLEGAS DO CURSO

Porque transmitiram amizade e perseverança...



AO MEU ESPOSO PAULO

Não existe eu sem você nem você sem mim...



Enfim

Agradeço a todos e todas que colaboraram para eu chegar até aqui.





















































Habituamo-nos de tal forma a comandar as crianças e a exigir delas uma obediência passiva, que não pensamos na possibilidade de haver uma outra solução para a educação, que não seja a fórmula autoritária.

(Célestin Freinet)

RESUMO



O estudo focaliza as dificuldades dos educandos quanto ao domínio de leitura e escrita desde os anos iniciais do Ensino Fundamental da Unidade Escolar Municipal Manoel Portela de Carvalho; problema que se reflete por toda vida. São deficiências expressas na fala, na escrita que vão se acumulando até a idade adulta, e que em muitos casos são irreparáveis. Observa-se como estes problemas que afetam a aprendizagem são reflexos da falta de um processo de leitura e escrita adequados na idade mais apropriada. É hora de repensar o papel da escola e da família como mediadoras na produção de conhecimentos e habilidades que orientem as crianças para uma aprendizagem significativa. Como metodologia para este trabalho, optou-se pela abordagem qualitativa. Como procedimento para a coleta dos dados, empregamos o questionário aberto, para a análise e discussão das relações existentes entre os fenômenos estudados. Concluímos que sobre as dificuldades sociais do ensino da leitura e da escrita, se faz necessário que haja uma maior interação entre a escola e a família, bem como a implementação de programas que focalizem e estimulem a construção do processo de leitura e escrita na idade apropriada, a fim de que a escola alfabetize a criança em tempo hábil, contribuindo assim, com sua formação para o exercício da cidadania.





Palavras-chave: Leitura e Escrita. Educação. Cidadania.

ABSTRACT





The study focuses on the difficulties of the students as to the field of reading and writing since the early years of elementary school. Problem that they take for the rest of your life. Deficiencies are expressed in speech, writing that accumulate into adulthood, and that in many cases are irreparable. Note how these problems that affect learning are reflections of the lack of a process of reading and writing at the right age appropriate. It's time to rethink the role of the school and the family as mediators in the production of knowledge and skills that children move to meaningful learning. The methodology for this study, we chose a qualitative approach, critical and reflective through a research participant and relevant. Thus there was the principle of field research, after a literature search for documents favorable to the development of work in order to respond to the questions raised on the issue of subject being studied. As procedure of analysis and discussion, we used the feature observation, research and data analysis. After these studies suggest that there is a constant interaction between x Family School, as well as the implementation of programs that focus on the construction and stimulate the process of reading and writing at the right age, so the child letrar literate and skilled at ime, thus contributing to their citizenship. .





Keywords: Reading and Writing. Education. Citizenship.



SUMÁRIO





INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................

REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A AQUISIÇÃO DA LEITURA E ESCRITA.........................

1.A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DA ESCRITA DE TEXTOS NA NA ALFABETIZAÇÃO......................................................................................................................

1.1 Os contextos da leitura e escrita na alfabetização ..................................................................

1.2 Escola e Família: as possibilidades em busca da formação de leitores .................................

1.3 O processo de alfabetização e o ensino da língua ..................................................................

1.4 A formação de leitores infantis ..............................................................................................

1.5 O paradigma da idade própria e a alfabetização ....................................................................

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA.............................................................................................

ANÁLISE INDICATIVA DOS PROBLEMAS OBSERVADOS NA LEITURA E NA ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS.............................................................................................

CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................................

REFERÊNCIAS ........................................................................................................................

APÊNDICE

INTRODUÇÃO



Neste trabalho serão apresentados os resultados da pesquisa realizada sobre o tema: A Importância do Processo de Leitura e Escrita nos anos Iniciais do Ensino Fundamental: Ciclo de Alfabetização da Unidade Escolar Municipal Manoel Portela de Carvalho, situada à rua 31 de março – S/N – Centro – Aroazes Piauí.

Após a pesquisa feita no entorno da escola, foram detectados problemas que vêm afetando a aprendizagem dos alunos do ciclo de alfabetização, sendo caracterizados fatores internos e externos, problemas que poderão ser combatidos com a implementação de novas políticas educacionais, que priorizem metodologias e estratégias direcionadas aos problemas detectados na construção da leitura e escrita das crianças.

Diante das evidências, notou-se a necessidade de uma maior preocupação por parte dos educadores em incentivar as crianças a ler e escrever com competência, colocando-se como mediadores desse processo, tornando a sala e aula, um berço de futuros leitores e escritores “a leitura não é um ato de imposição, a escrita surge espontaneamente através da motivação”, é preciso pois, que o professor seja um incentivador e não um ditador.

No âmbito da escola os professores não dispõem de muitos recursos pedagógicos. O acervo bibliográfico se resume numa minibiblioteca com livros paradidáticos, onde muitos se repetem ao longo dos anos... a escola recebe do MEC coleções de Literatura em Minha Casa que vão sendo distribuídos entre as crianças. E assim os professores vão orientando as atividades aproveitando também os textos dos livros didáticos, muitos nem são apropriados para a série/ano da criança.

No âmbito familiar os problemas se agravam: a falta de estrutura e de assistência aos filhos, atrapalha o seu aproveitamento na escola, pois sem contar com a ajuda das famílias, a escola não consegue seu objetivo. E se sabe que a leitura tem de ser incentivada e praticada em casa, na sociedade, sem esta parceria é difícil se formar alunos leitores e produtores de textos.

Partindo desse princípio, defenderemos a tese de que a leitura e a escrita são essenciais para o desenvolvimento da criança, por isso esse processo precisa ser trabalhado cuidadosamente no tempo certo, para que não haja bloqueio ou deficiências na vida futura da criança. Daí a importância de alfabetizar e letrar “os pequenos” dentro do ciclo de alfabetização na idade certa, a fim de que eles adquiram o domínio destas práticas.

Por meio deste trabalho, fica evidenciado para os professores da escola pesquisada, o quanto a leitura e a escrita são instrumentos úteis e necessários para o resgate de uma boa aprendizagem, desde que sejam orientadas num clima agradável, significativo de forma a despertar o interesse da criançada. A leitura não é algo morto, parado... mas um instrumento dinâmico. A criança aprende a gostar de ler com o texto, por isso trabalhar a diversidade textual e o lúdico na sala de aula, é fundamental para o sucesso da aprendizagem.

O professor é o mediador da leitura. O educador enquanto mediador da leitura e da escrita deve conscientizar-se do seu papel fundamental nesse processo: alfabetizar letrando é essencial para corrigir as deficiências e a defasagem do ensino aprendizagem, e isso é mais que necessário, pois o que se vê hoje, são adolescentes que chegam ao Ensino Médio sem o domínio das técnicas de leitura e escrita, o que traz reflexos negativos para toda a sua vida.

Fica evidente também que o acompanhamento e a participação das famílias nesse processo, é essencial. Ou a família se faz presente ou a escola não alcançará seus objetivos, e a aprendizagem das crianças continuará em defasagem. Entende-se que ler e escrever são atividades paralelas. Então por que se observa tantas desigualdades? Há crianças lendo mas não escrevem... há crianças escrevendo mas não lêem. Crianças do 3º ano não sabem ler nem escrever.

Então, aonde está a raiz do problema? É preciso investigar, descobrir e mudar essa realidade. Para tanto elegemos como objetivos norteadores deste estudo:

Geral:

• Investigar os problemas enfrentados pela escola em se tratando de leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental;

Específicos:

• Identificar o perfil dos professores alfabetizadores;

• Caracterizar a Prática Pedagógica adotada em sala de aula;

• Propor a implementação de novas metodologias de práticas de leitura e escrita.

Desse modo assentimos que a aquisição da leitura e da escrita é entendida como uma das possibilidades da criança interpretar a realidade que ampliará seus horizontes e melhorará as condições de ler e escrever com competência, através do seu envolvimento com diferentes linguagens, a criança ler, escreve e compreende o contexto e o meio social no qual está inserida.

A escrita final deste trabalho está estruturada da seguinte forma: Introdução onde descrevemos o tema do trabalho, a problematização, a justificativa, os objetivos; as discussões teóricas sobre o assunto; o percurso metodológico; a interpretação dos dados; as Considerações Finais e as Referências.

REFLEXÃO TEÓRICA SOBRE A AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA



1. A IMPORTÂNCIA DA LEITURA E DA ESCRITA DE TEXTOS NA ALFABETIZAÇÃO



A produção espontânea é aquela que não é o resultado de uma cópia imediata ou posterior, portanto a escrita ou produção espontânea é aquela em que o alfabetizando escreve como sabe, escreve do seu jeito, o que não significa de qualquer jeito. (FERREIRO, 1985, p.16).





1.1 Os contextos da leitura e escrita na alfabetização





Nas últimas décadas tem-se discutido intensamente acerca da necessidade de melhorar a qualidade da educação no País, e o eixo central do fracasso escolar tem sido a questão da leitura e da escrita. Sabe-se que os índices brasileiros de repetência nas séries iniciais, estão diretamente ligados à dificuldade que a escola tem de ensinar a ler e a escrever. Essa dificuldade expressa-se com clareza, nos primeiros anos de escolaridade.

As evidências apontam a necessidade da reestruturação do ensino no processo de alfabetização, mais especificamente do trabalho de leitura e escrita, com o objetivo de encontrar formas de garantir de fato a aprendizagem no ciclo de alfabetização, ou seja, ao final do 3º ano do Ensino Fundamental. Sendo dessa forma necessário que se faça uma revisão das práticas pedagógicas.

Neste sentido a importância do trabalho de leitura e escrita no processo de alfabetização tem sido constantemente reafirmada. A literatura acadêmica tem respaldado uma mudança de enfoque no que se refere aos modos de trabalhar a leitura e a escrita, recomendando uma integração desde as fases iniciais entre atividades de reflexão acerca do sistema de escrita alfabético, até o contato intenso com a produção e leitura de textos diversificados.

Na tentativa de estudar de forma integrada o tema aqui proposto, os relatos autobiográficos evidenciam que a leitura e produção de textos na alfabetização, não se esgota nas práticas e modos escolares de fazer uso da cultura letrada, é portanto necessário desde cedo, criar situações didáticas que envolvam textos de diversos gêneros, espera-se que as discussões possam provocar reflexões sobre as práticas educativas.

Como desenvolver as habilidades de leitura e de escrita?

Ler bem não significa apenas decodificar letras, mas sobretudo ler com fluência e clareza, respeitando os sinais de pontuação, de modo que a leitura seja compreendida pelo leitor e ouvinte. É necessária a utilização de estratégias e de diversos gêneros textuais, possibilitando que a criança desenvolva as habilidades necessárias para atingir o nível de leitura desejável. Para isso é preciso fazer prática diária de leitura.

Nas atividades de leitura o aluno precisa analisar os indicadores disponíveis para descobrir o significado da escrita, realizando a leitura de duas formas: pelo ajuste da leitura do texto e pela combinação de estratégias de antecipação promovida pelo próprio texto.

É possível produzir textos sem saber escrever, basta que a criança tenha ajuda e incentivo. No entanto escrever bem, ou seja, produzir textos bem escritos é resultado tanto da leitura de diferentes gêneros como também, da possibilidade de pensar e conversar sobre o ato de redigir.

Para aprender a escrever, a criança precisa esforçar-se para construir conceitos e encontrar formas de expressar graficamente aquilo que se propõe a escrever. Assim as propostas de escrita mais produtivas são aquelas que estimulam a criança a monitorar sua própria produção, mesmo que parcialmente.

Desse modo uma boa produção requer que a criança tenha acesso a um amplo e diversificado repertório de textos conhecidos, mas isso não é suficiente para garantir a qualidade da escrita, é preciso que ela receba ajuda para pensar na organização dos textos, analisar suas características e olhar a produção com olhos críticos.

O professor deve orientar a atividade, escolher o texto, definir os parceiros com diferentes níveis de conhecimento para favorecer a aprendizagem e a circulação de informações, orientar e dar suporte sempre que perceber a necessidade de intervenção.

Por isso é fundamental que o trabalho pedagógico de produção de textos se apoie em determinadas referências de forma a contribuir para a melhoria da capacidade de redigir. Para isso precisa-se definir boas propostas de produção de textos, intervindo enquanto os textos estão sendo escritos e quando estão terminados, além de criar situações de revisão, durante e após o processo.

Desde cedo, a criança precisa interagir nos processos de leitura-escrita-fala. No mundo contemporâneo, ter uma boa oralidade não significa apenas falar bem em público, mas sobretudo aperfeiçoar alguns recursos expressivos. Para isso o professor deve trabalhar situações que possibilitem o contato da criança com a leitura, discussão e dramatização de diversos gêneros textuais, com vista a favorecer o exercício do pensar, interpretar e expressar, possibilitando que exponham suas ideias de forma clara, precisa e consciente.

Assim sendo ressaltamos que é de fundamental importância que o trabalho pedagógico seja bem diversificado, significativo e desafiador, para que a criança tenha suportes necessários para se tornar um bom leitor, produtor de texto e orador.

A respeito da discussão sobre a Produção e a Leitura de Textos com crianças em fase de alfabetização, acrescenta-se a concepção de que os alunos são leitores, pois mesmo ainda não tendo se apropriado do sistema de escrita, são capazes de interpretar oralmente textos lidos. Além disso são bastante motivados para a aprendizagem da leitura e da escrita. ( LEAL; BRANDÃO. 2007).

Percebe-se que há uma preocupação comum por parte dos professores: garantir que os alunos desde os primeiros anos escolares estejam em contato com a leitura e a escrita de modo significativo. E defendem que é necessário organizar o tempo pedagógico, reservando espaço para compreensão do sistema alfabético, bem como envolver as crianças em situações comunicativas que contribuam para a ampliação das habilidades de leitura, produção e compreensão de textos orais e escritos.

Segundo Ferreiro (1985), os estudos psicogenéticos da aquisição da leitura e da escrita, nos desafiam ainda a repensarmos os princípios pedagógicos e a revermos as consecuções de conhecimento, ensino e aprendizagem.

Neste sentido, é indispensável oferecer materiais de leitura e oportunidades reais de escrita na escola, principalmente para pessoas de baixa renda por não possuírem oportunidades de leitura em casa. É convivendo com a escrita, que o aluno entra em contato com os conflitos e vai formulando novas epíteses para compreendê-la.

A importância e o valor dos usos da linguagem são determinados historicamente segundo as demandas sociais de cada momento. Atualmente exigem-se níveis de leitura e de escrita diferentes e muito superiores aos que satisfizeram as demandas sociais até bem pouco tempo atrás, e tudo indica que essa exigência tende a ser crescente.

Para a escola enquanto espaço institucional de acesso ao conhecimento, a necessidade de atender a essa demanda, implica uma revisão substantiva das práticas de ensino que tratam a língua como algo sem vida, e os textos como conjunto de regras a serem aprendidas, bem como a constituição de práticas que possibilitem ao aluno aprender a linguagem a partir da diversidade de textos que circulam socialmente.





Toda educação verdadeiramente comprometida com o exercício da cidadania precisa criar condições para o desenvolvimento da capacidade de uso eficaz da linguagem que satisfaça necessidades pessoais e possam estar relacionadas às ações efetivas do cotidiano, à transmissão e busca de informações ao exercício da reflexão. (BRASIL, 1997, p.25).



De modo geral os textos são produzidos, lidos e ouvidos em razão de finalidades desse tipo. Sem negar a importância dos que respondem às exigências práticas da vida diária. São os textos que favorecem a reflexão crítica e imaginativa, o exercício de formas de pensamento mais elaboradas e abstratas, os mais vitais para a construção de uma sociedade letrada.

Cabe à escola, viabilizar o acesso da criança ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinar a produzi-los e interpretá-los. Isso inclui os textos das diferentes disciplinas com os quais o aluno se defronta sistematicamente no cotidiano escolar, e mesmo assim não consegue manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade.

Considera-se que trabalhar com textos é uma atividade de todas as áreas, e não especificamente da língua portuguesa, em consequência a criança não se torna um leitor competente capaz de compreender conceitos, de apresentar informações novas, de descrever problemas, de comparar diferentes pontos de vista, de argumentar a favor ou contra uma determinada situação. Por isso todas as disciplinas têm a responsabilidade de ensinar a utilizar os textos de que fazem uso, mas é a língua portuguesa que deve tomar para si o papel de fazê-lo de modo mais sistemático.

Ensinar a escrever textos torna-se uma tarefa difícil fora do convívio com textos verdadeiros, com leitores e escritores e com situações de comunicação que os tornem necessários. Fora da escola escrevem-se textos dirigidos a interlocutores de fato. Todo texto pertence a um determinado gênero, com uma forma própria, que se pode aprender. Quando entram na escola, os textos que circulam socialmente cumprem um papel modelizador, servindo como fonte de referência, repertório textual, suporte da atividade intertextual. A diversidade social que existe fora da escola pode e deve estar a serviço da expansão do conhecimento letrado do aluno. (BRASIL, 2007, p. 34)



Mas a escola precisa absorver a diversidade textual que existe fora dela, de forma a aproveitar o que o aluno já conhece, dando ênfase ao conhecimento sobre as características discursivas da linguagem, o que hoje é essencial para a participação no mundo letrado, não significa que a aquisição da escrita alfabética deixa de ser importante. A capacidade de decifrar o escrito é não só condição para a leitura independente, como verdadeiro rito de passagem, um saber de grande valor social.

É preciso ter claro também que as propostas didáticas difundidas ao enfatizar o papel da ação e reflexão do aluno no processo de alfabetização, não sugerem uma abordagem espontaneísta da alfabetização escolar; ao contrário, o conhecimento dos caminhos percorridos pela criança, favorecem a intervenção pedagógica e não a omissão, pois permite ao professor ajustar a informação oferecida às condições de interpretação em cada momento do processo. Permite também considerar os erros cometidos pelo aluno como pistas para guiar suas práticas e torná-la mais eficazes.

A alfabetização, considerada em seu sentido restrito de aquisição da escrita alfabética, ocorre dentro de um processo mais amplo de aprendizagem da língua portuguesa. Esse enfoque coloca necessariamente um novo papel para o professor das series iniciais: o de professor de língua portuguesa.

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho aditivo de construção do significado do texto, a partir de seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a língua. (BRASIL, 1997, p. 53)

O ensino da língua portuguesa tem sido marcado por uma sequenciação de conteúdos que se poderia chamar de aditiva: ensina-se a juntar sílabas ou letras para formar palavras, a juntar palavras para formar frases e a juntar frases para formar textos.

Essa abordagem aditiva levou a escola a trabalhar com textos didáticos que só servem para ensinar a ler. Textos que não existem fora da escola e, como os escritos dos livros, em geral não se assemelham à realidade do aluno, isso causa o não interesse pela leitura.

Se o objetivo é que a criança aprenda a produzir e a interpretar textos, não é possível tomar como unidade básica de ensino nem a letra, nem a sílaba, nem a palavra, nem a frase que, descontextualizadas, pouco têm a ver com a competência discursiva, que é questão central. Dentro desse marco, a unidade básica de ensino só pode ser o texto, mas isso não significa que não se enfoquem palavras ou frases nas situações didáticas especificas que o exijam.

A boa intenção de promover a aproximação entre crianças e textos há um equivoco de origem: tenta-se aproximar os textos das crianças, simplificando-os, no lugar de aproximar as crianças dos textos de qualidade. Não se formam bons leitores oferecendo materiais de leitura empobrecidos, justamente no momento em que as crianças são iniciadas no mundo da escrita. As pessoas aprendem a gostar de ler quando, de alguma forma, a qualidade de suas vidas melhora com a leitura.

É importante que o trabalho com o texto, esteja incorporado às praticas cotidianas da sala de aula, visto tratar-se de uma forma especifica de conhecimento. Essa variável de constituição da experiência humana, possui propriedades compositivas que devem ser mostradas, discutidas, e consideradas quando se trata de ler as diferentes manifestações colocadas sob a rubrica geral de texto.

A questão do ensino da literatura ou da leitura literária envolve, portanto, o exercício de reconhecimento das singularidades e das propriedades compositivas que matizam um tipo particular da escrita. Com isso, é possível afastar uma serie de equívocos que costumam estar presentes na escola em relação aos textos literários. [...] Postos de forma descontextualizada, tais procedimentos pouco ou nada contribuem para a formação de leitores capazes de reconhecer as sutilezas, as particularidades, os sentidos, a extensão e a profundidade das construções literárias. (BRASIL, 1997, p. 37).



O trabalho de leitura e escrita, pelo que se pode observar nas práticas habituais, tende a se deteriorizar, ainda mais no caso específico dos textos literários, que trabalhados de forma descontextualizada, tem gerado uma prática pedagógica ineficaz para a obtenção dos objetivos do ensino da língua.



Se o objetivo principal do trabalho com leitura e escrita é de análise e reflexão sobre a língua, é preciso imprimir maior qualidade ao uso da linguagem, as situações didáticas devem, principalmente no primeiro ciclo, centrar-se na atividade epilinguística, na reflexão sobre a língua em situações de produção e interpretação, como caminho para tomar consciência e aprimorar o controle sobre a própria produção lingüística. [...] O lugar natural na sala de aula, para esse tipo de prática precisa ser uma reflexão compartilhada entre todos envolvidos no processo. (BRASIL, 2007, p. 39).



É verdade que as práticas observadas não atendem necessariamente a esses objetivos, uma vez que falta maior integração dos responsáveis, para a disseminação de leitura e escrita no espaço escolar. O que ainda acontece de forma mecânica e descontextualizada da realidade social.





1.2 Escola e Família: as possibilidades em busca da formação de leitores





Está na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional nº 9394/ 96 e no Estatuto da Criança e do Adolescente (2004, p.18) :

As escolas têm a obrigação de se articular com as famílias, e os pais têm direito a ter ciência do processo pedagógico, bem como de participar da definição das propostas educacionais. Porém nem sempre esse princípio é considerado quando se forma o vínculo entre diretores, professores e coordenadores pedagógicos com a família.

No Brasil, o acesso em larga escala ao ensino se intensificou nos anos 1990, com a inclusão de mais de 90% das crianças em idade escolar no sistema. Para as famílias antes segregadas do direito à Educação, o fato de haver vagas, merenda e uniforme representou uma enorme conquista.

Muitos pais vêem a escola como um benefício e não um direito, e confundem qualidade com a possibilidade de uso da infraestrutura e dos equipamentos públicos. Isso de nada adianta se a criança não aprender, afirma Carvalho, (LEAL; BRANDÃO. 2007).

A escola foi criada para servir à sociedade. Por isso, ela tem a obrigação de prestar contas do seu trabalho, explicar o que faz e como conduz a aprendizagem das crianças e criar mecanismos para que a família acompanhe a vida escolar dos filhos. Os educadores precisam deixar de lado o medo de perder a autoridade e aprender a trabalhar de forma colaborativa, (SKYMANSKI, 2004, p.19).

Quando o assunto é aprendizagem considera-se que o caminho é a leitura. Neste caminho o papel de cada um está bem claro: à escola cabe ensinar, e aos pais, cabe acompanhar e dar sugestões. Se o tema é comportamento ou indisciplina, as ações exigem cumplicidade redobrada. Ao se perceber que existem problemas pessoais que se refletem em atitudes negativas em sala de aula, os pais devem ser chamados e ouvidos, e as soluções construídas em conjunto, sem julgamento ou atribuição de culpa. “Um bom começo é ter um diálogo baseado no respeito e na crença de que é possível resolver a questão” , acredita Gallo, (MEC.SEB;2008, p. 20).

Assim sendo, a relação escola – família – sociedade, deve ser cada vez mais fortalecida, a fim de gerar maiores expectativas de aprendizagem. No ambiente escolar onde o diálogo e o respeito são marcas presentes, a educação melhora.





1.3 O processo de alfabetização e o ensino da língua





No primeiro ciclo do ensino fundamental, as práticas educativas devem ser organizadas de modo a garantir progressivamente, que os alunos sejam capazes de:

Compreender o sentido nas mensagens orais e escritas de que é destinatário direto ou indireto: saber atribuir significado, começando a identificar elementos possivelmente relevantes segundo os propósitos e intenções do autor; Ler textos dos gêneros previstos para o ciclo, combinando estratégias de decifração com estratégias de seleção, antecipação, inferência e verificação; Utilizar a linguagem oral com eficácia, sabendo adequá-la a intenções e situações comunicativas que requeiram conversar no grupo, expressar sentimentos e opiniões, defender pontos de vista, relatar acontecimentos, expor sobre temas estudados; escrever textos dos gêneros previstos para o ciclo, utilizando a escrita alfabética e preocupando-se com a forma ortográfica. (BRASIL, 1997, P.103)



O trabalho com leitura e escrita tem como finalidade a formação de leitores competentes e consequentemente a formação de escritores, pois a possibilidade de produzir textos eficazes tem sua origem na prática de leitura, espaço de construção da intertextualidade e fonte de referências modelizadoras. A leitura, por um lado, nos fornece a matéria-prima para a escrita: o que escrever. Por outro, contribui para a constituição de modelos: como escrever.

Formar leitores supõe formar alguém que compreenda o que lê; que possa aprender a ler também o que não está escrito, identificando elementos implícitos, que estabeleçam relações entre o texto que lê e outros textos já lidos, que saiba que vários sentidos podem ser atribuídos a um texto, que consiga justificar e validar a sua leitura a partir da localização de elementos discursivos. E um leitor competente só pode constituir-se mediante uma prática constante de leitura, a partir de um trabalho que deve se organizar na escola, em torno da diversidade textual.

Compreendendo a leitura e a escrita como um complexo processo comunicativo e cognitivo, essa prática precisa realizar-se num espaço de convivência que promova situações de aprendizagens significativas. Para aprender a ler e a escrever com competência, é preciso pensar sobre a escrita, pensar sobre o que a escrita representa e como ela representa graficamente a linguagem. Nas atividades de leitura e de escrita, a criança precisa ser estimulada a desenvolver seu potencial cognitivo. Por isso o professor precisa estar atento:

Não é qualquer texto que ajuda o aluno a refletir e a aprender. [...]. No início da escolaridade, é preciso dedicar especial atenção ao trabalho de produção de texto em função da crença ainda muito comum, de que produzir textos é algo possível apenas após a alfabetização inicial. (BRASIL, 1997, p. 83).



Quando na verdade, é possível produzir a linguagem escrita no ciclo de alfabetização, desde que o professor conduza o ensino de leitura e escrita, convencionalmente, organizando situações de aprendizagem que favoreçam o domínio das habilidades de leitura e escrita esperadas para o primeiro ciclo.





1.4 A Formação de Leitores Infantis





Hoje em dia, dificilmente encontramos um professor que não lê ou conta histórias para seus alunos. Dessa forma, desde cedo as crianças têm contato com a literatura e com as histórias reproduzidas nos livros didáticos. Porém existem certas questões que merecem ser aprofundadas em relação à formação de pequenos leitores.

Há a visão de que para se formar leitores, é necessário buscar na diversidade textual, o gênero literário como forma de motivar as crianças para o mundo da leitura.

Evidentemente, tudo é uma literatura só. A dificuldade está em delimitar o que se considera especialmente do âmbito infantil. São as crianças na verdade que o delimitam com sua preferência. Costuma se classificar Literatura Infantil o que para elas se escreve. Seria mais acertado, talvez, assim classificar o que elas lêem com utilidade e prazer. Não haveria pois, uma literatura infantil a priori, mas a posteriori.( MEIRELES, 1984, p. 48).



Na formação infantil, a literatura sem dúvida, desempenha um importante papel diante do desafio da apropriação do sistema da escrita, esta também passa a cumprir outras finalidades. Uma delas seria o letramento literário, ou seja, gerar as condições para que as crianças ganhem familiaridade com os textos literários e adquiram uma nova visão de mundo.

A literatura nas salas de alfabetização passou a ser vista então, como uma alternativa para suprir as deficiências encontradas nos textos didáticos que não fazem sentido para a criança. Por meio da literatura espera-se aproximar as crianças de usos e práticas sociais de leitura, oferecendo a elas textos mais significativos e reais, ou seja, que também circulem no mundo fora das salas de aula. Outro aspecto importante na formação de leitores, é a convivência da criança com a família, desde cedo descobrir a leitura nos pormenores de sua convivência familiar.

Nesse processo, a tarefa do educador é excepcional e a afetividade deve ser marca do seu trabalho. Adequar os métodos pedagógicos à afetividade específica de cada criança, é tarefa delicada que o educador precisa ter sempre em mente.

A criança está imersa em um mundo de relações objetais tão fantásticas quanto intensas, e é importante a relação das vivências infantis. É importante que o adulto possa conectar-se com suas próprias vivências da infância, para assim poder brincar com a criança. Nessas brincadeiras vão se construindo os aprendizados. (MORA, 2000, p. 248).



Estas breves reflexões devem levar o adulto responsável pela educação de uma criança, a não sobrecarregar inutilmente de frustrações o desenvolvimento afetivo da criança. A criança precisa ser livre para construir sua aprendizagem, transformando-se em um leitor espontâneo, de forma que a leitura faça sentido em sua vida, a fim de que promova seu crescimento harmônico, seu desenvolvimento sadio e feliz, dentro de um processo de socialização adequada.

Na formação de pequenos leitores, é essencial o cumprimento de 200 dias de leitura e escrita na escola. Prática esta que deve ser associada a metodologias que façam a criança imergir no mundo da leitura. A cada dia em sala de aula, a criança deve ser estimulada a ler e escrever: lendo o próprio texto ou textos dos outros, o aluno passa a ter intimidade com a leitura e faz desse recurso um modo afetivo de construir conhecimento.

Verificar sempre as hipóteses de leitura e escrita de seus alunos antes de planejar suas aulas. Incentivar os alunos a fazerem reeleitura e reescrita dos textos para que criem mecanismos próprios de autocorreção. Adotar a construção de textos coletivos é uma forma eficiente de promover o desenvolvimento da escrita. Sugerir atividades funcionais de leitura e de escrita, ou seja fazer com que sejam produzidos textos que possam circular fora do contexto da sala de aula. Incentivar para a leitura extra-classe. Trazer bons livros para a sala de aula, e levar frequentemente os alunos à bibliotecas. Ter sempre em mãos dicionários e gramáticas. Nunca criticar os alunos por não saberem algo, mas tentar descobrir o que eles precisam para vencer os obstáculos e tornar-se bons leitores. (RAMOS, 2008, P.7)





1.5 O paradigma da idade própria e a alfabetização





Comecemos pela seguinte reflexão: a vida dos seres humanos se constitui em duas dimensões- a biológica e a simbólica. Esta colocação traz uma visão de que a criança começa a adquirir as habilidades de ler e escrever ainda no seio da família, onde seu aprendizado se faz pelas relações biológicas. Na escola este aprendizado se desenvolve a partir da convivência no ambiente da sala de aula.

A função social da escola é decisiva na construção do cidadão. Nesta perspectiva entra o papel cultural e político da leitura: [...] O cidadão para exercer plenamente a cidadania precisa apossar-se da linguagem oral e escrita, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente. (LAJOLO, 2001, p. 82).

O ensino de leitura e escrita na escola, é uma tarefa multidisciplinar. Na tradição escolar brasileira, a expressão “saber português” tem servido para designar duas competências consideradas complementares: o domínio da variedade da língua e a aptidão para identificar os fatos da língua.

Após um período de aquisição que se estende até os oito anos de idade, cada pessoa deve conhecer sua língua e saber usá-la regularmente. Daí o papel inconfundível da escola “ ensinar a ler e escrever com competência na idade certa”.

Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), ao longo dos oito anos do Ensino Fundamental, espera-se que os alunos adquiram progressivamente as competências em relação ao uso da linguagem, de forma a lhe possibilitar o acesso aos novos conhecimentos culturais para o alcance de sua participação plena no mundo letrado.

A importância de ler e escrever com competência é fato evidente no mundo contemporâneo. Hoje se fortalece nos meios escolares, a convicção de que a tarefa de desenvolver as habilidades de leitura e escrita se faz necessária para a construção do conhecimento em todas as áreas do saber.

Nos caminhos do letramento, ressalva-se a importância do trabalho com a literatura, um livro que desperte a atenção dos pequenos leitores, faz a diferença na aprendizagem. É tarefa fundamental de quem ensina e de quem aprende, experimentar com intensidade “ a leitura do mundo” e a “leitura da palavra”. (FREIRE, 1996, p. 84).

Ler é ligar a palavra ao mundo, é ampliar a percepção, é ser motivado à observação de aspectos da vida que antes passavam despercebidos. É importante que a escola faça essa motivação logo no início de vida escolar do aluno. A língua é uma forma de conhecimento e um meio de construir, estabelecer, manter e modificar relações com os outros. (AZEREDO, 2007, p. 36).

Partindo dessa concepção, uma proposta de ensino de língua em diferentes situações ou contextos sociais, é algo a se repensar. Isso obviamente implica a rejeição de uma tradição de ensino apenas transmissiva, isto é, preocupada em oferecer ao aluno conceitos e regras prontos, que ele só tem que memorizar, para uma perspectiva de aprendizagem centrada no desenvolvimento de capacidades de leitura e escrita, em situações favoráveis à aquisição da linguagem.

Dessa forma esse processo passou a designar não apenas o ensino das habilidades, de codificação e decodificação, mas também o domínio dos conhecimentos que permitem o uso dessas habilidades de leitura e escrita, nas diversas situações sociais, ocorrendo o que se chama de letramento.

Assim entende-se que a ação pedagógica mais adequada e produtiva, é aquela que contempla de maneira articulada e simultânea, a alfabetização e o letramento, como condições para uma aprendizagem significativa, capaz de preparar a criança para os novos desafios a serem enfrentados por ela, rumo a novas etapas escolares.

Porém as capacidades lingüísticas de ler e escrever, falar e ouvir com compreensão em situações diferentes, não acontecem espontaneamente. Elas precisam ser ensinadas sistematicamente, e isso ocorre principalmente, nos anos iniciais do ensino fundamental. Por esta razão os professores alfabetizadores precisam entender a importância de trabalhar adequadamente esse processo no cotidiano da escola.

A concepção de leitura e escrita depende de processamento individual, mas se insere num contexto social, e envolve disposições atitudinais, capacidades relativas à decifração do código escrito e às capacidades relativas à compreensão, à produção de sentido.

[...] A leitura como prática social é sempre um meio nunca um fim. [...]. A leitura envolve atitudes, gestos e habilidades que são mobilizados pelo leitor, tanto no ato de leitura propriamente dito, como no que antecede a leitura e no que decorre dela. Atitudes como gostar de ler e interessar-se pela leitura, são construídas para algumas pessoas no espaço familiar e em outras esferas de convivência em que a escrita circula. Mas para outros, é sobretudo na escola que esse gosto pode ser incentivado. (BRASIL, 2007, p. 57).



Portanto a escola precisa fazer com que a criança perceba a leitura como um ato prazeroso e necessário, e que tenha o professor como modelo “.Como posso incentivar meu aluno a gostar de ler , se eu não tenho essa prática”? Nessa perspectiva, é necessário que a criança aprenda a ler junto com o adulto, para sentir o prazer de ler e criar o gosto pela leitura.

O professor do ciclo de alfabetização deve tomar o cuidado de ensinar a ler e escrever simultaneamente, para não correr o risco da criança ler e não escrever, ou escrever e não ler. É necessário pois: utilizar locais de acesso a livros, jornais, revistas, utilizar bibliotecas para manuseio, dispor-se a ler os escritos que organizam o cotidiano da escola, cartazes, avisos, murais e engajar-se na organização do espaço de leitura na sala de aula, criando ciclo de interesse para todos.

É importante que na sala de aula, a leitura e a escrita não sejam atividades secundárias. Que não ocupem apenas o tempo que sobrou no finalzinho da aula. Leitura e escrita precisam ser planejadas como atividades cotidianas. O leitor em formação, precisa aprender a gostar de ler, e fazer dessa prática, uma tarefa inacabada.

Tendo em vista que a leitura e a escrita são condições essenciais para que se possa compreender o mundo, os outros, as próprias experiências e a necessidade de inserir-se no mundo da escrita, torna-se imperativo que o aluno desenvolva habilidades lingüísticas para que possa ir além da decodificação de palavras. É preciso leva-lo a captar por que o escritor está dizendo o que o texto está dizendo, ou seja, ler as entrelinhas. Pode-se se fazer mais: proporcionar ao aluno experiências de leitura que o levem não só a assimilar o que o texto diz, mas também como e para quem diz. ( KATO, 2007, p.26).



Entre estas e outras reflexões, entende-se que a melhor saída para melhorar a educação deste país, seja sem dúvidas, a implementação de medidas de combate às práticas antigas de leitura e escrita na escola, optando-se por novas estratégias de ensino da linguagem oral e escrita, de forma a contribuir para a formação de leitores, e consequentemente, para o processo equilibrado de alfabetização e letramento, “ prevenir para não ser preciso arremediar”.

TRAJETÓRIA METODOLÓGICA



Esta pesquisa se caracteriza dentro das perspectivas de uma pesquisa qualitativa porque se propõe a investigar um fenômeno social. Por isso a escolha por este tipo de pesquisa, se deve pelo fato de possibilitar um estudo dentro dos limites e possibilidades da subjetividade humana, e se caracteriza pela exploração das [...] características dos indivíduos e cenários que não podem ser facilmente descritos numericamente. (MOREIRA; CALEFFE, 2006, p.73).

Para a coleta de dados foi utilizado o questionário: Questionário é um procedimento utilizado na investigação social, para a coleta de dados, ou para ajudar no diagnóstico, ou no tratamento de um problema social. (MARCONI e LAKATOS, 2010, p.178).

Assim a escolha do tipo de pesquisa utilizada neste trabalho, se faz por se constituir de: [...] um roteiro de tópicos relativos ao problema que se vai estudar, onde o entrevistador tem a liberdade de fazer as perguntas que quiser. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 180).

Quanto ao questionário: [...] é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas por escrito e sem a presença do entrevistador. (MARCONI; LAKATOS 2010, p.184).

O questionário visa a obtenção de dados não contemplados pelas entrevistas. Desta forma o questionário se configura como uma técnica de coleta de dados de entrosamento mútuo, com vistas a contemplar os objetivos propostos por esta pesquisa.

Assim optou-se pela análise interpretativa, por acreditar que ela melhor se adequa aos aspectos sociais deste estudo, e por ser uma atividade intelectual que busca construir um significado mais amplo, para as respostas dos interlocutores.

Após a coleta de dados, seguimos os passos propostos por Marconi e Lakatos (2010): fizemos a seleção, codificação e a divisão dos dados em subtítulos para então procedermos com a análise e interpretação dos dados, sendo que nesta perspectiva a análise: [...] é a tentativa de evidenciar as relações existentes entre o fenômeno estudado e outros fatores, buscando construir sentido para as falas dos interlocutores. (MARCONI; LAKATOS, 2010, p. 151).

O Questionário foi utilizado de forma qualitativa, onde os entrevistados, dentre eles, professores e gestores fizeram suas intervenções individualmente sem a presença do entrevistador. Os sujeitos da pesquisa manifestaram suas opiniões focalizando a realidade do contexto escolar, no que se refere à prática pedagógica frente aos desafios do trabalho com leitura e escrita no processo de alfabetização.

ANÁLISE INDICATIVA DOS PROBLEMAS OBSERVADOS NA LEITURA E ESCRITA NAS SÉRIES INICIAIS



O trabalho de pesquisa realizado em torno do tema “leitura e escrita nos anos iniciais do ensino fundamental” da Unidade Escolar Municipal Manoel Portela de Carvalho, no ano de 2012, permitiu detectar os problemas que a escola enfrenta para trabalhar as competências de aquisição de leitura e escrita, no ciclo de alfabetização:

Para mim leitura é o caminho para a aquisição do conhecimento humano, é o processo de mudança de comportamento, e só faz sentido se compreendida pelo leitor e pelo ouvinte; a escrita é a representação gráfica das palavras, frases, orações, textos que fazem acontecer a comunicação entre autor/leitor. (Coordenadora A).



Assim conceituadas a leitura e a escrita na concepção da interlocutora, leitura e escrita significam a porta de entrada para o desenvolvimento sócio-educativo-cultural dos educandos, independentemente da classe, posição social ou faixa etária.

Trabalhar a leitura e a escrita com meus alunos tem sido um pouco difícil, considerando a escassez de materiais didáticos, a falta de acompanhamento das famílias, enfim, uma série de problemas que permeiam o cotidiano da escola, porém eu me esforço e procuro manter sempre um equilíbrio na minha metodologia, dosando com um recurso a mais, certo é que tenho conseguido fazer com que meus alunos avancem nos estudos, através de um trabalho dinâmico em torno da leitura e da escrita”. (Professora A).



A professora “A” demonstra na sua fala que é muito comprometida com o que faz, ama a profissão e estende esse amor às crianças, supera as dificuldades fazendo com que elas tenham o domínio da leitura e da escrita, no tempo certo.

Na escola, tem-se tentado firmar o compromisso de educar, juntando esforços, assessorando o trabalho dos professores, interagindo com projetos de ação voltados para a leitura e a escrita, enfim, buscando parcerias com as famílias e outros segmentos, com o objetivo de melhorar as práticas pedagógicas e conseqüentemente, a aprendizagem, a partir da implementação de estratégias inovadoras. Os resultados têm melhorado, mas precisamos avançar. (Diretor adjunto A).



Fica claro pelo depoimento do diretor, de que há uma preocupação quanto a melhoria do ensino aprendizagem na escola, e que esta escola que tem como meta “educar para a cidadania” se sente responsável pela articulação de um trabalho de motivação, que gere interesse para os educandos e expectativa de mudança na educação.

Formar leitores é um dos princípios fundamentais e uma necessidade da escola. A título de sugestões para aperfeiçoar estas práticas, precisamos otimizar o processo de leitura e escrita através da implementação dos projetos educacionais já existentes na escola. ( Diretora A).



Observa-se na fala da diretora “A” , o desejo de fazer acontecer de forma dinâmica, o trabalho com leitura e escrita. Este trabalho tem ganhado espaço, a escola tem desempenhado seu papel junto à comunidade escolar. Resultado disso é que tem conquistado credibilidade e obtido bons resultados: IDEB: 2009=3.4. 2011= 4.4. Como se observa, acima da meta projetada pelo MEC: 2009=3.3. 2011=3.7.

[...] catar feijão se limita com escrever:

Joga-se os grãos na água do alguidar.

E as palavras na folha de papel.

E depois joga-se fora o que boiar[...].

João Cabral de Melo Neto. (1965)





Estes versos de João Cabral de Melo Neto enfatizam o dever da escola em plantar as sementes, em apostar na competência das crianças, em por em prática ações que motivem e estimulem a leitura e a escrita em sala de aula. Na comparação metafórica entre o ato de catar feijão e escrever, o autor chama a atenção para sabermos difundir bem o nosso papel. É dever nosso, saber aproveitar o potencial dos alunos, por menor que seja. É nossa missão “educar”.

Os professores alfabetizadores têm um perfil de educadores comprometidos com o trabalho, os quais demonstraram-se bastante disponíveis e interessados em corresponderem aos objetivos da pesquisa. Observa-se que muitos dos quais ainda desenvolvem um trabalho com leitura e escrita de forma tradicional e descontextualizada da realidade atual e da vida das crianças, necessitando portanto, de formação continuada.

Junto às dificuldades, um novo olhar sobre o trabalho com leitura e escrita das crianças desponta, e uma nova esperança renasce com a proposta da implementação de Programas e Projetos voltados para Leitura e Escrita, Integração Escola e Família, os quais devem tomar espaço no contexto escolar, a partir desta pesquisa.

Por fim, o resultado deste trabalho, faz com que ocorra uma transformação das práticas pedagógicas, voltadas para leitura e escrita dos anos iniciais do ensino fundamental, levando os educadores a compreenderem a importância deste processo, de forma a tomarem nova consciência a este respeito e a adotarem uma nova postura . Juntos, podemos mudar a nossa história.















CONSIDERAÇÕES FINAIS



Diante dos estudos realizados em torno do tema aqui apresentado, vê-se a importância de tratar cuidadosamente do processo de leitura e escrita das crianças do ciclo de alfabetização, no tempo hábil. Uma coisa é se aprender na idade certa, outra coisa, é tentar recuperar uma lacuna que não foi preenchida oportunamente.

Refiro-me, portanto, a problemática da deficiência encontrada nos alunos do ensino fundamental, que demonstram grandes dificuldades em ler e escrever: o processo de alfabetização e letramento precisa ser repensado.

Apesar dos esforços governamentais, essa ainda é uma realidade nossa. São problemas de cunho econômicos e estruturais que adentram nas instituições e nas escolas públicas, até então não resolvidos, embora já se tenha definido caminhos para a mudança na educação. Um dos caminhos é proceder rumo ao trabalho pedagógico com ênfase em leitura e escrita “temos os canteiros, mas precisamos fazer florir os jardins da infância”.

É preciso abraçar forte tudo aquilo em que se acredita, a persistência é o melhor caminho para o êxito. Com este pensamento, a Unidade Escolar Municipal Manoel Portela de Carvalho tem buscado estratégias para melhorar os índices e resultados, tanto que tem crescido consideravelmente em quantidade e em qualidade.

Por outro lado, muitas vezes a escola esquece que a educação é um problema social, e encara-o como problema pedagógico, impondo modelos de ensino ou metodologias, para lidar com a leitura e escrita das crianças. Tem-se que conciliar os problemas de ordem externa com o cotidiano escolar, pois a escola sozinha, jamais desenvolverá este processo de aprendizagem de forma significativa.

Ler e produzir textos na sala de aula, ainda mais em turmas de alfabetização em que os alunos estão se apropriando do sistema de escrita alfabética, não são tarefas fáceis. Em relação à leitura, no início da alfabetização, para que a criança tenha acesso a textos diferenciados, o professor deve funcionar como leitor dos textos, uma vez que os alunos não têm autonomia para ler sozinhos. O mesmo acontece com a produção de textos que, para ser realizada, precisa que o docente seja exemplo para os educandos.

Para concluir, é importante reforçar que a escolha do tema “A Importância do Processo de Leitura e Escrita nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Ciclo de Alfabetização da Unidade Escolar Municipal Manoel Portela de Carvalho”, decorreu da crença de que é necessário diversificar e priorizar o trabalho pedagógico, voltado para a aquisição de habilidades em leitura e escrita, como forma de combater um problema que afeta o desempenho dos estudantes nos anos seguintes do ensino fundamental maior ao básico: a deficiência da aprendizagem que ocorre pela falta de leitura. “a leitura é o caminho para a mudança”.

É preciso mudar as técnicas e métodos de trabalhar com leitura e escrita na escola. ...Mudar é difícil, mas é possível. (FREIRE,1996,P.79). É preciso investigar, buscar alternativas. É preciso interagir com novos conceitos e metodologias. É preciso envolver todos e todas num trabalho coletivo. É preciso adaptar a realidade do aluno à realidade escolar... Enfim, é preciso se despir daquilo que não deu certo, e partir para outros campos em busca da mudança.

Assim, pois, para melhorar o ensino-aprendizagem no ciclo de alfabetização, não se pode perder de vista os objetivos norteadores desta investigação. É preciso não só estabelecer objetivos, mas sobretudo, lutar por eles em função da mudança que se precisa para superar e vencer as dificuldades. Não se pode jamais esquecer de que a educação é um processo contínuo, e só acontece na coletividade e na ação conjunta.

É preciso apostar na importância do ato de ler e de escrever, como processo determinante na vida do pequeno cidadão (ã), e investir em políticas concretas na hora certa, fazendo com que as crianças aprendam hoje, os conhecimentos necessários para prosseguirem seus estudos com competência, determinação e qualidade.

































REFERÊNCIAS



AZEREDO, José Carlos de. Ensino de português: fundamentos, percursos, objetos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 2007.



BRASIL, Ministério da Educação e Desporto. LDB/ Lei nº 9394/ dezembro/1996. São Paulo: Ed. Do Brasil, 1996.



BRASIL, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros curriculares nacionais. Primeiro e segundo ciclos do ensino fundamental: língua portuguesa. Brasília: Ministério da Educação/Secretaria de Educação Fundamental, 1997. 144p. V. 2, 1997.



LEAL; Telma Ferraz ; BRANDÃO, Ana Carolina Perrusi. (org.). Produção de textos na escola: reflexões e práticas no Ensino Fundamental. 1 .ed., 1 reimp.— Belo Horizonte: Autêntica , 2007.



CALEFE, Luiz Gonzaga Moreira; MOREIRA, Herivelto. Metodologia da pesquisa para o professor pesquisador. Rio de Janeiro. DP&A. 2006.



FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. São Paulo. 1996.



FERREIRO, Emilia; TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua Escrita. Porto

Alegre: Artes Médicas, 1985. 284 p.



KATO, Mary Aizawa. O aprendizado da leitura. 6 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2007.



LAJOLO, Marisa. Do Mundo da Leitura Para a Leitura do Mundo. São Paulo: Ática, 2001.



MARCONI, Marina de Andrade, LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 5 ed.São Paulo:Atlas, 2010.



MEC,SEB.Programa de Formação Continuada de Professores dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental: Alfabetização e Linguagem. ed. rev. e ampl. Brasília. 2008.



MELO NETO, João Cabral de. Catar Feijão. Acesso em: 10 nov. 2012.



MEIRELES, Cecília. Problemas da Literatura Infantil. Rio de Janeiro: Nova

Fronteira, 1984.



MORA, E. Psicopedagogia : infanto- adolescente. Edição MMXI : Cultural, S.A. 2000.

RAMOS, Rossana. 200 dias de leitura e escrita na escola. 5.ed. São Paulo.Cortez.2008.



SKYMANSKI, Heloísa (org.). A entrevista na educação: a prática reflexiva. Brasília: Líber Livros Editora, 2004.


APÊNDICE
QUESTIONÁRIO


01. A partir da sua prática cotidiana, defina leitura e escrita.

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02 Cite os desafios enfrentados em sua prática pedagógica quanto ao ensino de leitura e escrita.

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03. Comente como você tem lidado com os desafios de leitura e escrita no processo ensino aprendizagem.

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04. Dê sugestões para melhorar e otimizar o processo de ensino aprendizagem da leitura e da escrita em sua prática pedagógica.




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